lunes, 27 de agosto de 2012

Educação para quem?


Diz uma velha e conhecida estratégia econômica que, se um país quer apostar no crescimento deve educar sua população. Isso quer dizer começar a aumentar a cobertura. O problema é que nos países em desenvolvimento, como Moçambique, a política pública seja consistente com as condições físicas, sociais, e até mesmo culturais.

Por que estou dizendo isso? Bem, porque o número de professores é insuficiente para atingir a demanda. Para dar um exemplo, no ensino primário teve, em média, 58,49 alunos por professor em 2010 e 34,95 no ensino secundário, segundo dados da UNESCO. Esses mesmos professores tiveram uma educação primária e secundária deficiente  e o ensino superior em pedagogia é limitado a menos de 3 anos em instituições que nem sempre chegam a ser classificadas como faculdades.

Então, eles não têm suficientes métodos técnicos de formação ou de ensino para otimizar o aprendizado nas crianças que, na maioria dos casos, só repetem as lições e copiam o que está no quadro sem aprender. Enquanto a maioria das crianças com grande esforço, conseguiu cadernos e lápis para estudar apenas uma minoria tem livros, que em alguns casos estão em mau estado. Admiro esses professores que devem ensinar com recursos limitados as crianças que não estão bem alimentadas.


Atualmente, estou trabalhando com vários grupos de crianças órfãs com graves dificuldades de aprendizagem, por exemplo, há 14 anos idade na sexta classe que não podem completar um ditado, a situação é pior em crianças mais jovens não conseguem nem ler ou escrever e portanto, não alcançam os padrões mínimos para a sua idade.

Talvez uma explicação para esta situação é que eles são ensinados na língua oficial (Português), que é diferente da sua língua materna. Se fora assim a política de educação deve valorar e incluir a tradição cultural da nação.

Outro aspecto a considerar é garantir a infra-estrutura necessária para enfrentar este desafio em algumas das comunidades mais remotas que visitei, vi que os professores penduram os quadros nas árvores para dar suas aulas, salões feitos de caniço, feitos de chapas e ripas de madeira sem cadeiras para crianças, às vezes nem para o professor.


Então, se você me perguntar uma estratégia para alcançar o desenvolvimento econômico diria que o primeiro passo é garantir não só a educação, mas também as condições mínimas, incluindo recursos físicos, humanos e materiais, de modo que as pessoas aprendem de forma eficaz, trazem novas idéias e trabalham no processo de desenvolvimento.

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